A franquia retorna com novas caras, velhos truques e o mesmo charme — ainda que o brilho tenha diminuído.

Depois de uma década, Truque de Mestre está de volta — e, confesso, eu estava curiosa pra saber o que aconteceu com os Cavaleiros e “O Olho”, aquela organização secreta que sempre parece saber mais do que mostra. Em Truque de Mestre – O 3º Ato, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Isla Fisher e Dave Franco retomam seus papéis para uma nova missão: desmascarar Veronika, uma poderosa CEO do ramo de diamantes, interpretada por Rosamund Pike.
Logo de cara dá pra ver que o filme tenta equilibrar nostalgia e renovação. O quarteto original ganha a companhia de uma nova geração de mágicos — Justice Smith, Dominic Sessa e Ariana Greenblatt — que entram pra dar um novo fôlego à franquia e trazer identificaçãocom as gerações Z e Alpha. E, sim, a química entre o elenco antigo e o novo funciona muito bem. O problema é que, com tanta gente em cena, sobra pouco tempo pra entender a real motivação ou trajetória de cada um.

O diretor Ruben Fleischer (Venom, Zumbilândia) tem menos de duas horas pra dar conta de muitos personagens, uma conspiração e uma dezena de truques mirabolantes. O resultado é um filme corrida, que tenta justificar o afastamento dos Cavaleiros (e o desaparecimento de alguns rostos conhecidos) em uma simples linha de diálogo, deixando a sensação de que perdemos um capítulo importante dessa história.
Rosamund Pike até tenta dar peso à vilã Veronika, mas a personagem não convence. Em nenhum momento acreditamos que ela seja uma ameaça real. Ela é mais uma rica arrogante, como os outros da franquia, repetindo os crimes do pai, sem um pingo de justificativa real. E quando o filme chega à resolução, tudo acontece rapidamente, com explicações que soam mais mágicas do que lógicas (e não no bom sentido). É aquele tipo de final que só funciona se você decidir não pensar demais sobre ele.

O problema é que, desta vez, a ilusão parece depender apenas da atuação dos personagens. Antes, cada Cavaleiro tinha uma especialidade que o tornava único; agora, tudo soa como pura encenação, uma grande simulação visual carregada de CGI.
O que continua encantando é o espetáculo. As ilusões são cada vez mais ousados, e há cenas divertidas, inclusive uma envolvendo uma personagem querida em uma sequência na prisão. Outra, com um carro de Fórmula 1, é puro exagero, mas difícil de tirar os olhos. Ainda assim, quanto maiores os truques, mais difícil é acreditar neles. Parte do charme da franquia sempre foi fazer a gente pensar “será que isso seria possível?”. Agora, a resposta é um claro “não”.

Mesmo assim, Truque de Mestre – O 3º Ato é bom — e, sim, muito melhor que o segundo filme (2016). Tem ação, tem humor e é sempre gostoso ser enganado por eles mais uma vez, mesmo quando a mágica não surpreende tanto quanto antes. E embora o filme pareça o encerramento da trilogia, o retorno de um certo personagem no final deixa bem claro: o show ainda não acabou.
