A nova comédia estrelada por Keanu Reeves, Seth Rogen e Aziz Ansari chega aos cinemas com uma promessa simples — fazer você se sentir bem. Desde que você não pense demais.

Em Quando o Céu se Engana, acompanhamos um trabalhador precarizado chamado Arj (Aziz Ansari), que vive de inúmeros bicos como autônomo para sobreviver e se sustentar, enquanto mora no próprio carro. Até que um desses trabalhos o leva à casa de Jeff (Seth Rogen), um cara rico que parece ter uma vida fácil, onde tudo cai no seu colo quase que por sorte. Um dia, um anjo bem-intencionado chamado Gabriel (Keanu Reeves) obriga os dois a trocarem de vida para mostrar para o trabalhador que nem sempre o dinheiro é a solução para tudo. Assim, enquanto Arj vive o luxuoso estilo de vida do cara, Jeff herda a vida árdua e financeiramente difícil do amigo. Os dois encaram uma série de situações cômicas e caóticas, enquanto uma figura celestial mais experiente chamada Martha (Sandra Oh) tenta impedir que a decisão precipitada de Gabriel ultrapasse os limites cósmicos.

Já ao ler a sinopse, é fácil lembrar do clássico Trocando as Bolas, comédia onde o cara rico vivido por Dan Aykroyd troca de vida com o pobretão Eddie Murphy. A diferença é que o filme de 1983 é um pouco menos lúdico que este de 2025. Talvez isso seja pelo fato de a troca ser feita por um anjo, e não por dois empresários milionários que querem fazer um jogo com a vida das pessoas.
E essa inocência é a alma do filme, que é escrito e dirigido pelo seu protagonista, Aziz Ansari. Ele apresenta sua história sem grandes discussões filosóficas ou sociais. O objetivo dele aqui é criar situações cômicas que façam o público entender a mensagem, mas que isso os deixe mais leves ao final da sessão, e não com o sentimento de culpa por seus privilégios.

Claro que, se o espectador for esperando demais, vai perceber que existem muitos problemas na forma como ele resolve sua história. Afinal, por que um cara que está no fundo do poço vai ter tudo de uma hora para outra e, de alguma forma, vai querer abrir mão disso? Eu não sei dizer — e parece que Ansari também não.
Já do lado de Jeff, suas reflexões no final do longa estão muito mais justificadas pelo fato de ele ter vivido certas situações do que por realmente entender o impacto social de suas ações a partir de sua posição de privilégio.
Essas questões deixam um gosto de “é só isso?”. A gente vai terminar assim? Esse resultado vai depender muito de como cada espectador vai encarar essa história.

Se você for na intenção de sentir mais do que analisar, vai receber uma relação entre os três protagonistas que é deliciosa. Keanu Reeves tem um ar de “Bill e Ted” que envelheceu, mas mudou pouco — o que me agradou demais. Além disso, faz uma dupla perfeita com o Jeff de Seth Rogen. Já Aziz Ansari tem um carisma que faz a gente gostar dele, mesmo quando está errado.
Quando o Céu se Engana pode te fazer ter momentos de felicidade no cinema. Só basta você deixar.
