Em agosto de 2022, o produtor Roy Lee anunciou planos para três filmes da franquia Os Estranhos, criada a partir da história de Bryan Bertino, como um reboot da saga. Tanto foi assim que o Capítulo 1 basicamente refaz o primeiro filme de 2008. Agora chega aos cinemas o Capítulo 2 desse plano, e a sensação que fica é de ser apenas uma ponte para a conclusão da história iniciada no primeiro filme. E uma ponte bem pequena e insignificante.

Nessa sequência, acompanhamos os eventos logo após o final do primeiro filme. Quando os mascarados descobrem que uma de suas vítimas, Maya (Madelaine Petsch), escapou da morte. Eles voltam a caçá-la com o intuito de dar um fim definitivo ao que começaram. Sem poder confiar em ninguém, Maya é novamente colocada em perigo, precisando lutar para sobreviver enquanto os Estranhos a perseguem de forma implacável. A sede de sangue e violência dá início a uma briga de gato e rato brutal e macabra que não cessará até alguém sair perdendo.
Quando os criadores anunciam que a história será dividida em três filmes, é natural — e óbvio até — que a trama comece no primeiro e termine no terceiro. Mas outra coisa que também precisa ser óbvia é que cada capítulo deve se sustentar por si só. Todo filme precisa ter início, meio e fim, por mais que a história geral continue. Só que, ao assistir Os Estranhos: Capítulo 2, parece que isso não foi tão óbvio assim.

O novo longa é um grande “vem aí” — o filme não desenvolve nada da história geral da trilogia. Parece um jogo de xadrez que mexeu muito nas peças, até trocou-as de lugar, mas pouco avançou no objetivo de vencer o jogo. O filme até insere algumas informações novas sobre a trama maior, sobre quem são essas pessoas e o que acontece nessa cidade, mas não passam de pontas soltas que o último filme terá que amarrar. Ele não entrega nada que agregue à história e dê peso ao Capítulo 2 como filme independente dentro da trilogia.
Maya terá que lutar por sua vida mais uma vez, só que desta vez o cenário é maior. Aqui, a história entrega uma evolução em relação ao primeiro: o clima é mais tenso, e tudo fica ainda mais difícil para a protagonista. Ela tem mais espaço para fugir, e com isso é como se a esperança de sobrevivência aumentasse, ao mesmo tempo em que a cada momento parece que os assassinos estão mais próximos. A sensação de urgência é intensa.

O foco em Madelaine Petsch também funciona melhor no segundo filme. A atriz transmite muito bem o pavor de ser perseguida, misturado com a força para sobreviver. Confesso ser fã dela desde Riverdale, onde muitas dessas características já estavam presentes em sua personagem da série.
Mas até o que faz o filme melhorar ressalta o vazio de seu roteiro. É aquele filme que você olha e pensa: “até é legal, mas é só isso?”. O sentimento que fica é que se sai com mais perguntas do que quando entrou, e isso acaba sobrepondo qualquer outra coisa que o filme possa entregar.

Crédito: Divulgação/ Lionsgate
Os Estranhos: Capítulo 2 é muito mais um filme de meio do que poderia ser. Ele deixa claro que existe uma história a ser contada, mas simplesmente não quis contá-la.
