Algumas séries vão além de uma simples história. O Verão que Mudou Minha Vida é exatamente isso: um fenômeno. Ela nos prendeu com uma força irresistível, fazendo cada batida do coração de Belly (Lola Tung), Conrad (Christopher Briney) e Jeremiah (Gavin Casalegno) ecoar em nós como se o mundo dependesse do próximo passo deles. Era impossível não se envolver, não escolher um lado. Fomos todos cúmplices, #TeamConrad ou #TeamJeremiah, nas redes sociais ou em conversas secretas.

Crédito: Divulgação / Prime Video
Mas já parou para pensar por que uma adaptação de uma trilogia de 2009, escrita por Jenny Han, ressoou tanto? A resposta é simples: no fundo, todos ansiamos pela nostalgia dos nossos verões — sejam eles reais, feitos de areia e sol, ou metafóricos, marcados por amizades e amores que acreditávamos eternos. Aquela fase ingênua e intensa, em que cada olhar parecia definitivo.
A jornada de Belly e dos irmãos Fisher nos prendeu por três temporadas. Entre erros, decisões questionáveis e diálogos que muitas vezes irritavam, seguimos apaixonados. A trilha sonora — que fez fãs de Taylor Swift encontrarem no seriado mais um vício — virou quase uma personagem. E se muitos se identificaram com os dramas adolescentes, outros se viram nas mães, Laurel (Jackie Chung) e Susannah (Rachel Blanchard): mulheres que, entre risos no deck e abraços silenciosos, sabiam que a vida não é feita de tormentas eternas, mas também de calmarias. Só quando passamos pela adolescência entendemos: aquela dor que parecia o fim do mundo era só o começo do nosso aprendizado.

O triângulo amoroso, simples como os filmes dos anos 90 e 2000, foi o motor da trama. Jeremiah amava Belly. Belly amava Conrad. E Conrad também a amava, mas lutava contra seus próprios fantasmas. Ao longo da última temporada, vimos Belly questionar se não era, afinal, a vilã da história. E é aqui que a série toca fundo: todos nós somos, em algum momento, os vilões das nossas narrativas.

Nos apegamos a migalhas de um amor idealizado por Belly, mas, no fundo, projetávamos ali o que também buscamos. Bailes que deram errado, brigas exageradas, confissões no timing errado, casamentos apressados… tudo isso costurou a tapeçaria emocional que Cousins Beach foi para a gente.
Mas não se engane: a essência da série nunca foi escolher entre Conrad e Jeremiah. O que nos cativou foi a incerteza, o erro, o tropeço, a beleza de sentimentos que precisavam amadurecer. Histórias de amores perfeitos dificilmente nos prendem; são as falhas, as hesitações e a vulnerabilidade que nos conquistam.
Belly, Conrad e Jeremiah nunca esconderam suas imperfeições. E talvez seja exatamente por isso que os amamos tanto. Não existe paixão sem falhas — e, convenhamos, eles falharam muito.

Jenny Han não apenas adaptou seus livros: ela expandiu esse universo. Personagens secundários ganharam vida e roubaram corações. Torcemos por Taylor e Steven, nos apaixonamos pela lucidez de Denise, sorrimos com as amigas parisienses de Belly, celebramos o beijo de Skye em Cam e choramos com Laurel ao perdermos Susannah. Esses personagens nos ofereceram respiros de leveza e humanidade, lembrando que a história nunca foi só sobre um romance turbulento, mas sobre amizade — o elo que, no fundo, nenhum deles queria perder.

E assim chegamos ao fim, à estação de trem, ao destino de Conrad e Belly. A história da série se fechou em um círculo perfeito, mas deixou no ar uma inquietação: será que ver Belly casando preencheria o vazio que carregamos? Contos de fadas terminam com o “felizes para sempre”. Talvez seja por isso que tantos se sentiram enganados no último episódio. Mas O Verão que Mudou Minha Vida nos ensina que felicidade não é ponto de chegada, e sim construção. Cada verão tem seu valor — porque é nele que nos descobrimos, nos perdemos e, enfim, nos encontramos.
O anúncio de que teremos um filme para concluir a saga não surpreende. Todos adoram prolongar o que já parecia encerrado. Mas será que precisamos? No livro, o casamento é narrado em duas páginas, numa carta escrita por Belly. Simples, poético, suficiente. Transformar isso em 90 minutos de tela pode ser arriscado e doloroso. Ainda assim, não vou mentir: meu coração emocionalmente envolvido com essa história já se prepara para ver Conrad e Belly correrem para o mar.

Porque, no fundo, é isso que a série fez conosco: aprendemos junto com Belly que o amor é como o oceano. Nem sempre suave, nem sempre previsível, mas infinito em sua força. E é nesse eterno movimento que entendemos que alguns amores, assim como as ondas, sempre voltam.
A série completa de O Verão que Mudou Minha Vida está disponível na Prime Video. O filme anunciado ainda não tem data confirmada, mas em entrevista recente no TODAY Show, a autora Jenny Han (que também será a roteirista do longa) falou que a estreia não será em 2026.

