Crítica | Cinco Tipos de Medo: o thriller brasileiro que fez o Festival de Cinema de Gramado explodir em aplausos

O último filme exibido na Mostra Competitiva de Longas Brasileiros do 53º Festival de Cinema de Gramado, Cinco Tipos de Medo acabou ovacionado pelo público presente no Palácio dos Festivais em sua primeira exibição.

21/08/2025 – 53º Festival de Cinema de Gramado – Longa-metragem brasileiro “Cinco Tipos de Medo”, de Bruno Bini | Foto oficial: Edison Vara/Ag.Pressphoto

Escrito e dirigido pelo mato-grossense Bruno Bini, o longa acompanha um jovem músico chamado Murilo (João Vitor Silva) que, depois de quase perder a vida em uma UTI, se apaixona pela enfermeira Marlene (Bella Campos), presa em um relacionamento abusivo com Sapinho (Xamã), um traficante do bairro. Um dia, Sapinho é preso pela policial Luciana (Bárbara Colen), movida por vingança, ela cruzando com um advogado de intenções secretas, Ivan (Augusto Madeira). Enquanto Marlene teme as consequências de se entregar à paixão pelo antigo paciente, Sapinho é considerado o verdadeiro protetor da comunidade, apesar de controlar o movimento criminoso do bairro. Essas cinco vidas se entrelaçam em um caminho sem volta.

Xamã como Sapinho em cena do filme “Cinco Tipos de Medos”. Crédito: Divulgação

É a primeira vez que um filme do Mato Grosso é selecionado para a mostra competitiva em Gramado, e esse marco acontece justamente com um longa de ação. O que Bini entrega é um ciclo de violência comum às grandes cidades, mas com frescor regional. Ao contrário do que muitos poderiam pensar, não há aqui nenhum desprezo pelo gênero: o diretor mostra que o cinema brasileiro pode sim produzir ação de impacto, sem dever nada às produções americanas.

Bini opta por uma narrativa não linear, apresentando fragmentos aparentemente desconexos de cada um dos cinco protagonistas. Somente com o avanço da trama esses pedaços se unem, revelando o fio completo, como um novelo que só faz sentido ao ser desenrolado.

O trio central — Murilo, Marlene e Sapinho — carrega o eixo mais claro da história, mas são Luciana e Ivan que trazem as surpresas mais fortes. O filme demora a engrenar, já que o triângulo inicial entre os protagonistas soa clichê e previsível. O arco do músico apaixonado pela mulher de um traficante, por exemplo, tem pouco brilho no começo. Já os demais núcleos parecem distantes, e a cronologia embaralhada pode confundir.

Bella Campos como Marlene no filme “Cinco Tipos de Medos”. Crédito: Divulgação

Mas quando as cinco histórias se aproximam, o longa explode em ritmo e tensão. Tiroteios, prisões, vingança e mortes se desenrolam ao mesmo tempo. O curioso é que, mesmo nesses encontros, muitos personagens ainda não percebem como suas vidas estão conectadas, gerando situações tão tensas quanto cômicas. Um destaque é uma sequência hilária dentro de uma prisão, que arranca risadas em meio ao caos.

Como todo filme de ação, Cinco Tipos de Medo pede suspensão da descrença. Há facilidades no roteiro e cortes bruscos que podem incomodar alguns espectadores. Mas nada disso deve afastar o grande público.

O elenco entrega exatamente o que é necessário para que a história funcione. Todos sustentam seus papéis com firmeza. Destaque para Xamã, sendo seu primeiro papel no audiovisual e surpreende tanto no drama quanto no alívio cômico.

Se chegar ao streaming, Cinco Tipos de Medo tem tudo para ficar semanas no Top 10 das plataformas. Ainda sem data de estreia nos cinemas, é um título que merece estar no radar de qualquer fã do gênero.

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