Review | Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente: um mergulho nos anos 80 e na luta invisibilizada contra a AIDS

Na última noite de sábado (16), o Festival de Cinema de Gramado apresentou em primeira mão a série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente.

Ícaro Silva, Bruna Linzmeyer e Johnny Massaro no 53° Festival de Cinema de Gramado. Crédito: Divulgação / HBO Max

Com a presença da equipe de produção e parte do elenco, foi exibido o primeiro episódio da série, que estreia na HBO e na HBO Max no dia 31 de agosto.

A trama nos transporta para o final dos anos 80, no Rio de Janeiro, em plena epidemia de AIDS. Acompanhamos Fernando (Johnny Massaro) e Leila (Bruna Linzmeyer), dois comissários de bordo que contrabandeiam o medicamento AZT, essencial no tratamento da doença, mas proibido no Brasil na época.

Nesse primeiro episódio, somos levados para um Brasil vibrante do final dos anos 80. O diretor recria a atmosfera da época, o que resulta em um visual autêntico e nostálgico, um dos pontos altos da série logo de início.

Ícaro Silva, Bruna Linzmeyer e Johnny Massaro na série. Crédito: Divulgação / HBO Max

A narrativa começa em ritmo acelerado: muitos personagens, muitas histórias e a tentativa de contextualizar Brasil e Estados Unidos ao mesmo tempo. Isso dá a sensação de um início apressado, perceptível na montagem, nos diálogos e até em algumas atuações. Existe uma urgência em conquistar o público já no primeiro instante.

Essa armadilha é comum em séries atuais, que precisam se firmar rapidamente diante da velocidade do streaming. O risco é soar artificial, mas aqui não chega a tanto. Em Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente, o excesso de exposição reflete mais a paixão da produção do que a pressa em si.

Johnny Massaro e Ícaro Silva na série.
Crédito: Divulgação / HBO Max

O grande trunfo está nos personagens. Fernando e Leila têm dilemas pessoais que movimentam a trama, mas é Raúl, vivido por Ícaro Silva, quem realmente desperta curiosidade. Funcionário de uma boate e o primeiro a lidar com a perda causada pela AIDS, Raúl evoca lembranças de Billy Porter em POSE e promete carregar boa parte do drama da série.

Outro ponto de interesse é a forma como os criadores dividirão os temas: de um lado, a luta contra a doença, o preconceito e a desinformação; de outro, o contrabando do AZT dos Estados Unidos, que pode acrescentar nuances ao enredo e ampliar o tom de urgência.

Apesar dos percalços iniciais, Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente mostra-se promissora. Serão cinco episódios, exibidos semanalmente a partir de 31 de agosto na HBO e HBO Max — e já vale a sua atenção.

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