Sim, a gente já ouviu isso antes. Toda semana parece estrear “o melhor filme de terror do ano”. E, se você está revirando os olhos, saiba que eu também. Mas a verdade é que A Hora do Mal, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 7 de agosto, talvez realmente mereça — por enquanto — um lugar no topo da sua lista de melhores de 2025.

A Hora do Mal (Weapons) começa com a narração de uma aluna contando que algo aconteceu na escola de sua cidade. Mas, se você procurar, não vai achar muitas informações sobre o ocorrido, porque todo mundo tem vergonha de nunca ter descoberto o que, de fato, aconteceu. No entanto, se perguntar para qualquer morador local, eles vão conhecer a história.

Num dia comum, a professora Justine Grandy (Julia Garner) chega para dar aula. Mas, em sua turma, nenhum aluno aparece, exceto Alex Lilly. Isso aconteceu apenas em sua sala; o restante da escola estava normal. Ao investigar, a polícia descobre que todas as crianças, às 2h17 da manhã, se levantaram, abriram a porta de casa e correram para a escuridão. E isso é tudo o que você precisa saber para começar a história.

O filme é escrito e dirigido por Zach Cregger. E, se você gosta de terror, é bom começar a prestar atenção nesse nome. A Hora do Mal é apenas o terceiro longa com direção e roteiro dele.

Cregger é um comediante e ator que estreou na direção com o filme Miss Março: A Garota da Capa (2009), um besteirol divertido, mas esquecível. Seu retorno veio em 2022 com o terror Noites Brutais — aqui sim, com uma identidade que vale prestar atenção.

Um diretor acertar um filme já é ótimo. Dois em sequência? Já vale ficar de olho. Inclusive, isso aumentou minha curiosidade para o reboot de Resident Evil, que está nas mãos dele.

Em A Hora do Mal, Cregger desenvolve a narrativa mostrando os eventos após o desaparecimento das crianças, revelando o que está acontecendo na cidade pela visão de alguns de seus moradores. Começamos com a professora Justine, depois seguimos com o pai de uma das crianças, o diretor da escola, um policial, um ladrão local e mais alguns (que não vou citar para evitar spoilers). Essa estrutura funciona muito bem no gênero, especialmente quando há um mistério a ser desvendado.

Em cada personagem, você descobre detalhes que vão se somando até um final surpreendente. E aqui, nem é a revelação o mais importante, mas sim os elementos de tensão que o diretor vai construindo em cada capítulo. A mistura de curiosidade e medo vai crescendo. Quando você pensa que entendeu o que está acontecendo, Cregger adiciona mais camadas de terror, tornando o filme mais violento e culminando num final bem impactante.

O elenco é bom, mas quem realmente se destaca é Julia Garner. Ela entrega um ar de desconforto e tensão que a personagem exige. Me lembrou traços de duas personagens dela que adoro: nas séries Inventando Anna e Ozark.

Por outro lado, quando o assunto é o desaparecimento das crianças, o filme deixa a desejar. Por mais que a narrativa envolva, é difícil ignorar os furos na investigação policial. A resolução dessa parte é fraca. Se você for o tipo de espectador que se apega muito à lógica do enredo, isso pode atrapalhar sua experiência. No meu caso, mesmo sendo perceptível, não chegou a comprometer.

Após a revelação do mistério, o filme sofre uma mudança de tom bem forte — e isso pode dividir opiniões. Eu adorei. A violência escala rápido, o som aumenta, e tudo fica menos sutil do que antes. Uma explosão caótica que, para mim, funcionou muito bem.

A Hora do Mal é aquele tipo de filme que continua depois que termina. Ele não entrega todas as respostas, e isso é ótimo. Vai ficar com você, provocar discussões e debates. Não existe resposta certa aqui, apenas interpretações possíveis.

A Hora do Mal estreia nos cinemas brasileiros em 7 de agosto de 2025, garanta seu ingresso aqui.