Crítica | “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”: Uma homenagem a quem um dia foi adolescente e ainda está aprendendo a ser adulto

ALERTA: Isso não é uma crítica, é uma carta de amor a quem cresceu com Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan.

Aguardar 22 anos por uma sequência de um filme tão emblemático, com uma ligação afetiva tão forte com os anos 2000, já seria um feito por si só. E quando esse retorno envolve duas atrizes tão marcantes quanto Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan, o risco e a empolgação se multiplicam.

“Sexta-Feira Muito Louca” de 2003.
Crédito: Divulgação/ Disney

Trazer de volta um clássico como Sexta-Feira Muito Louca é uma aposta ousada. Ainda mais em tempos em que revisitar o passado nem sempre garante conexão com o público atual. Às vezes, é mais confortável deixar a memória quietinha no lugar dela do que tentar refazer a mágica. Mas Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda faz o caminho oposto — e, surpreendentemente, acerta.

“Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” de 2025.
Crédito: Divulgação/ Disney

O novo longa, dirigido por Nisha Ganatra, preserva a essência dos personagens do filme de 2003 (dirigido por Mark Waters), mas também se apoia na obra original, o livro Freaky Friday, de Mary Rodgers — que já rendeu quatro versões cinematográficas e uma adaptação musical para o teatro. O filme homônimo de 1976 (dirigido por Gary Nelson), a versão de 1995 (de Melanie Mayron), a adaptação da Disney Channel de 2018 (por Steve Carr) e, claro, a minha favorita — e a de muita gente — a versão de 2003 com Lindsay e Jamie.

“Freaky Friday” de 1976.
Crédito: Divulgação

É justamente isso que torna Freaky Friday tão especial: ela é uma fábula geracional. A cada nova adaptação, a história se molda ao seu tempo, reflete os conflitos familiares do momento, mesmo que por uma lente cômica, caricata e bem americana. Mas ainda assim, funciona.

Nesta nova trama, vemos Anna (Lohan) e Tess (Curtis) enfrentando uma nova realidade. Anna está prestes a se casar com Eric (Manny Jacinto), pai viúvo de Lily (Sophia Hammons), enquanto tenta equilibrar a vida com sua própria filha adolescente, Harper (Julia Butters). Lily, recém-chegada da Inglaterra, sonha em voltar para Londres e não aceita o novo casamento do pai. Já Harper não quer mudanças em sua rotina, carrega uma conexão forte com a avó e enfrenta uma relação conturbada com a mãe.

O conflito entre elas é o gatilho para mais uma troca de corpos — e, dessa vez, em dose dupla.

“Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”
Crédito: Divulgação/ Disney

Sim, Anna e Tess trocam de corpos com Harper e Lily às vésperas do casamento, e as adolescentes, agora nos corpos das adultas, tentam impedir a cerimônia. A estrutura do roteiro é praticamente a mesma do filme de 2003. As piadas também. E os dilemas, bem parecidos. Mas… isso estraga a experiência? Nem um pouco.

Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan seguem como a alma do filme. A química entre elas continua intacta, e a alegria de voltarem a interpretar essas personagens é visível. Agora, com a bagagem do tempo, elas trazem uma nova camada à história.

É bonito vê-las amadurecidas, encarando os desafios da vida adulta e do envelhecer, mas ainda tocadas pela insegurança e a inocência da juventude que ficou para trás.

Crescer dói. Crescer é, muitas vezes, um processo solitário. E para mulheres, é ainda mais desafiador. Mas crescer também é abrir espaço para a escuta, para a empatia, para apoiar os sonhos do outro e seguir adiante, mesmo quando não é como se imaginava. Talvez seja por isso que essa história siga tão relevante.

Não importa quantos anos você tenha: sempre há algo a aprender. Sempre há alguém a amar. E sempre existe uma parte de nós que ainda precisa crescer.

Ao final, não há uma cena pós-créditos tradicional. Mas há algo ainda mais especial: um vídeo com os bastidores e erros de gravação, que celebra o elenco, o reencontro de Lindsay e Jamie, e a energia contagiante desse universo que tantas pessoas guardam com carinho — como uma música boa que a gente gosta de ouvir de tempos em tempos.

“Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda”
Crédito: Divulgação/ Disney

Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda pode até não ser inovador. Mas nunca foi sobre isso.
É sobre conexão. Sobre rir de novo. Se emocionar com quem já conhecemos. E deixar que uma nova geração continue essa fábula, passada de mãe para filha, dentro e fora da tela.

O filme estreia nos cinemas no dia 7 de agosto.

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