O universo cinematográfico dos dinossauros simplesmente não descansa, e, ao que tudo indica, esse nunca foi o plano da Universal Pictures. Jurassic World: Recomeço chega aos cinemas três anos após Jurassic World: Domínio (2022) com a promessa de um novo começo, um retorno às origens, mas o resultado… é só mais um capítulo visualmente bonito, mas que esquece o mais importante: os dinossauros.

É impossível falar de Jurassic World sem lembrar que a franquia nasceu como um marco do cinema moderno. Jurassic Park (1993) não apenas revolucionou os efeitos visuais, mas também criou um senso de encantamento que poucos blockbusters conseguiram repetir. Steven Spielberg entendeu que dinossauros são mais do que monstros: são criaturas majestosas que despertam medo e fascínio na mesma medida.

Dessa vez, a direção ficou nas mãos de Gareth Edwards, e aqui eu confesso meu favoritismo. O cara entregou obras como Rogue One (2016), Godzilla (2014) e Resistência (2023). Ele sabe trabalhar ficção científica com tensão, e chegou no projeto com um discurso pronto: “voltar às raízes de Spielberg”. Nada mais justo, considerando o legado que carrega.
Edwards apostou em locações reais, com filmagens na Tailândia, em Malta e no Reino Unido, deixando a tela verde em segundo plano. E isso faz diferença, principalmente no primeiro terço do filme, que visualmente é deslumbrante. Há cenas belíssimas envolvendo água e dinossauros em homenagem direta a Tubarão (1975), criando uma atmosférica que remete aos tempos gloriosos da franquia.

Na trama, seguimos Zora Bennett (Scarlett Johansson), uma mercenária contratada para uma missão ultrassecreta ao lado do paleontólogo Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) e o líder da equipe Duncan Kincaid (Mahershala Ali). Eles se infiltram na Ilha Saint-Hubert em busca das três maiores espécies pré-históricas restantes da Terra, do mar e do ar. O objetivo? Coletar DNA para um suposto medicamento milagroso.

Mas é claro que nada sai como o planejado. A equipe cruza com uma família perdida na ilha e, pior: descobre que o local foi lar de experimentos fracassados. Dinossauros mutantes como o Distortus rex, um T. rex deformado com seis membros e cara de alienígena (parece um Rancor de Star Wars), dominam o ambiente.

O elenco principal funciona. Scarlett Johansson, Mahershala Ali e Jonathan Bailey têm carisma e química na tela, mesmo eles forçando um possível romance entre a mercenária e o paleontólogo. Mas a tal “família Delgado”, que tenta puxar o lado emocional da franquia, não entrega. É impossível se importar com eles, e confesso: em certo ponto da sessão, torci para algum dinossauro devorar o namorado da filha mais velha, o Xavier.

Apesar do roteiro mais focado, assinado por David Koepp, o mesmo do clássico de 1993, o filme muitas vezes soa como se seguisse um manual raso de ação: temos a protagonista durona, o cientista obcecado e atrapalhado, o líder misterioso, um vilão que obviamente será devorado por um dinossauro gigante ao tentar fugir e… criaturas que mais parecem bonecos de plástico digital do que dinossauros capazes de fazer gerações inteiras se apaixonarem.
E é aí que mora o problema. O título promete um “recomeço”, mas… cadê os dinossauros? Por que os bichos de 32 anos atrás parecem mais reais do que os de agora? Sim, o elenco gravou em cenários reais. Mas na hora de adicionar os dinossauros na pós-produção, parece que esqueceram que eles são os verdadeiros protagonistas da franquia. Faltou peso, textura, realismo. Faltou T.rex! Ele aparece em uma única cena, como um figurante de luxo.
Jurassic World: Recomeço não é um desastre, mas também não é um renascimento. É um lembrete de que efeitos práticos importam, que carisma é insubstituível e que, talvez, o verdadeiro DNA perdido da franquia esteja justamente naquilo que Spielberg entendia tão bem: a capacidade de nos fazer sentir pequenos diante do extraordinário.
No fim das contas, Jurassic World: Recomeço não será odiado, nem lembrado com carinho… apenas mais um capítulo esquecido na longa jornada dos dinossauros no cinema.
Jurassic World: Recomeço estreia nos cinemas em 03 de julho, e mesmo sem uma confirmação oficial de sequência, tudo indica que a Universal Pictures ainda não pretende aposentar seus dinossauros tão cedo.
Gareth Edwards parece apaixonado por sua criação e, apesar das falhas, há um carinho visível por esse universo. Para ele, esse é de fato um recomeço, e talvez seja mesmo, uma nova tentativa de manter essa franquia viva. Porque, sejamos sinceros: enquanto houver dinossauros, esse parque não vai fechar tão cedo.
Confira o trailer:
