A expectativa era altíssima pela estreia do filme sobre a Fórmula 1. Mas, além disso, é importante destacar que ele não é exatamente sobre o esporte, e sim um filme feito no meio da Fórmula 1.

Crédito: Warner Bros. Pictures
Como alguém que acompanha o circuito o ano inteiro, foi quase como assistir aos bastidores de gravações semana após semana. Conforme o “circo” da F1 se movimentava, a presença da produção do filme aparecia em praticamente todos os finais de semana de corrida. Isso só me fez colocar o longa entre os mais esperados do ano, e ele não decepcionou.
Dois pilotos, duas gerações e um coração
No filme, acompanhamos a história de dois pilotos. O primeiro é Sonny Hayes (Brad Pitt), que teve sua chance nos anos 90, correndo ao lado de nomes como Senna e Schumacher, mas sua carreira foi interrompida por um grave acidente. O segundo é o futuro: Joshua Pearce (Damson Idris), um talentoso novato que carrega expectativas de se tornar o novo grande piloto inglês, mas está em uma equipe que parece não entregar um carro à altura de sua capacidade.

Essa equipe é a fictícia Apex GP, que não marca pontos há quase três temporadas e, se não tiver algum sucesso na segunda metade do campeonato, pode desaparecer. Seu dono, Ruben Cervantes (Javier Bardem), ex-companheiro de Sonny, vê no antigo amigo a chance de conquistar resultados e salvar sua escuderia.
Vamos começar pela Fórmula 1
Primeiro, é importante dizer: este não é um filme sobre a Fórmula 1. Então nem tudo que comento aqui reflete a qualidade do filme, e sim minha experiência como fã das corridas. Aliás, até o jogo oficial da F1 aparece rapidamente no filme.
Logo de cara, me impressionou como o diretor Joseph Kosinski conseguiu nos levar para dentro do mundo das corridas, misturando a experiência de quem assiste com a de quem joga. As câmeras usadas durante as filmagens realmente trazem a emoção das provas mais inesquecíveis. Em alguns momentos, me peguei tentando acompanhar as curvas no cinema, como se estivesse com um volante nas mãos.

Crédito: Warner Bros. Pictures
Em contrapartida, tudo o que acontece na história seria improvável, ou quase impossível, na F1 real. Ver uma equipe pequena vencer uma corrida, ou aceitar as manobras arriscadas de Hayes sem punições rígidas, foge da realidade. O filme também ignora treinos e classificações, focando apenas nas corridas, o que torna alguns resultados ainda mais fantasiosos.
Mas aí forma e conteúdo se cruzam. O que poderia me incomodar como fã do esporte acaba ficando em segundo plano. Foi tudo tão emocionante que, em vez de questionar, acabei abraçando a ideia — quase como uma corrida dos sonhos.
Uma história que já vimos antes
O roteiro, assinado por Ehren Kruger (de “Top Gun: Maverick”), repete a fórmula, sem trocadilhos.
Um grande nome do passado é chamado para resolver um problema do presente, junto com um talento jovem e arrogante que precisa aprender uma lição. É um clichê funcional, que depende mais da direção do que da originalidade.
Kruger entrega uma trama simples e fácil de se identificar, enquanto Kosinski transforma tudo em uma experiência visual alucinante. Mas o roteiro peca ao tentar criar um vilão. Banning (Tobias Menzies) é um personagem mal desenvolvido, cuja função se resume a motivar Ruben a buscar ajuda. Nada do mundo corporativo da F1 é explorado de fato no filme, tornando o personagem totalmente descartável.
Kerry Condon vive Kate, engenheira-chefe da Apex GP. A personagem até começa bem, representando a única mulher nesse tipo de cargo na Fórmula 1. Mas rapidamente ela é jogada em um romance com Sonny, e o filme perde a chance de explorar sua trajetória com mais profundidade. Há boas intenções, mas o timing narrativo não ajuda.
Tudo no lugar!
Um dos principais trunfos do filme é o seu elenco. Brad Pitt está à vontade como o piloto veterano, carismático e levemente babaca, e Damson Idris entrega carisma e intensidade como o novato promissor. A química da dupla funciona tanto dentro quanto fora da pista. O personagem de Idris, inclusive, tinha tudo para ser detestável, mas o ator equilibra bem a arrogância juvenil.

No fim, F1 é um filme em que a forma supera o conteúdo. Se a narrativa não fosse empolgante e as cenas de corrida não fossem tão bem executadas, talvez a história — fraca e repetitiva — não sustentasse o impacto.
Mesmo com uma história previsível e algumas licenças criativas que podem fazer os puristas da Fórmula 1 torcerem o nariz, o filme cumpre o que promete: uma ultrapassagem ousada rumo ao entretenimento. Seja você fã do automobilismo ou apenas de bons blockbusters, F1 é um grande acerto no calendário de estreias do ano.

Crédito: Warner Bros. Pictures
F1 – O Filme estreia nos cinemas brasileiros no dia 26 de junho
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Confira o trailer do filme:


Um comentário sobre “Crítica | Brad Pitt acelera em F1: um filme que ignora as regras… e isso é ótimo”