Um retorno aguardado, cenas poderosas e um terceiro ato que vai deixar você se perguntando: “o que foi isso?”.
Entenda o que esperar de Extermínio: A Evolução, novo capítulo da franquia que estreia nos cinemas nesta quinta-feira, 19 de junho.

28 anos após o início do surto de Raiva que dizimou boa parte do mundo, mais precisamente do Reino Unido, nós somos levados a uma comunidade isolada e tentamos entender um pouco desse mundo devastado. Mas pra começar vale a pena um passo atrás e entendermos onde realmente estamos nessa história.
Essa pandemia apocalíptica começa com o primeiro filme de 2002, onde um vírus da raiva testado em macacos acaba sendo liberado após ativistas tentarem libertar os animais. A primeira história se passa 28 dias após a primeira infecção e temos a jornada de Jim (Cillian Murphy) e Selena (Naomie Harris) procurando um grupo de sobreviventes que dizem estar atrás de uma cura.

Em 2007, Extermínio 2 é lançado. A sequência, intitulada originalmente como 28 Weeks Later, nos leva até uma Londres que tenta se reconstruir com a ajuda do exército norte-americano. Já sem notícias de novos infectados há meses, essas pessoas vivem quase uma vida normal, não fosse o isolamento em uma parte da cidade. Nesse local, vários refugiados começam a retornar ao seu país natal. Entre esses retornos estão os filhos de Dom, personagem que conhecemos no começo do filme sobrevivendo ao apocalipse no momento em que perde sua esposa. Mas o retorno dos filhos fará com que segredos sejam revelados, principalmente que a mãe deles ainda está viva e, além disso, é imune ao vírus. Porém, um novo surto deixa tudo isso de lado e eles têm que correr para sobreviver novamente. O filme termina com um gancho para uma expansão da pandemia. Guardem essa informação.

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Nesse ano, Extermínio: A Evolução nos leva para 28 anos após o surto, e conhecemos um Reino Unido isolado do resto do mundo para evitar que a pandemia se espalhasse. As pessoas que ficaram para trás deveriam dar um jeito de se adaptar e sobreviver por conta própria. Nesse contexto, somos apresentados a Jamie (Aaron Taylor-Johnson) e seu filho Spike (Alfie Williams), que vivem com Isla (Jodie Comer), doente, em uma comunidade isolada do continente. Para chegar a essa comunidade, só existe um caminho através do oceano, quando a maré está baixa, deixando o local quase “segura”.
A comunidade precisa ir até o continente procurar suprimentos para se manter, e cada vez que um jovem faz sua primeira viagem, isso vira um celebração. É nesse momento que Spike, com apenas 12 anos, vai com seu pai nesse rito de passagem. Porém, muito além da aventura, Spike vai querer mais coisas desse novo mundo.

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UMA NOVA TRILOGIA E HISTÓRIAS MAL EXPLICADAS
Estamos diante não somente de um novo capítulo da franquia Extermínio, mas sim de uma nova trilogia. O diretor do filme original, Danny Boyle, está de volta, e Alex Garland será responsável pelo roteiro dos três filmes. O que deveria dar um ar de continuidade, visto que a história toda é cânone.

Crédito: Sony Pictures
Porém, no final do segundo filme, temos uma cena de infectados saindo de uma estação de metrô com a Torre Eiffel ao fundo, dando a ideia de que a pandemia saiu do Reino Unido. Mas, pelo menos nesse novo filme, esse fato é ignorado.
Claro, estamos diante de uma promessa de trilogia e talvez tenhamos que esperar para entender melhor a ideia completa de Garland. A verdade é que senti falta desse contexto em Extermínio: A Evolução. Outros detalhes, como personagens imunes — citados no segundo longa — também não são mencionados. O filme está tão isolado quanto a comunidade que conhecemos.
Inclusive, são tantas as perguntas que a produção fez um site — algo como se estivesse na dark web. O site rageleask.net abre com uma tela de login com o usuário administrador, faltando a senha. SPOILER: a senha é “mementomori”. Nesse site, você vai encontrar mapas que mostram o Reino Unido isolado, áudios estranhos e algumas pistas de alguém investigando sobre a pandemia, inclusive já falando em variantes. Além disso, o site tem uma grande pergunta: “O que realmente está acontecendo por trás do bloqueio?” Acho que esse caminho deve ser abordado melhor nas sequências. Ou, pelo menos, eu espero.
O TERROR E A VOLTA ÀS ORIGENS
A volta de Danny Boyle é o grande trunfo dessa sequência. O diretor do filme original de 2002 criou uma experiência única no primeiro filme, que a sequência, sem ele, não acompanhou, tornando-se mais uma aventura apocalíptica do que o terror misterioso e tenso do primeiro.
O novo filme começa com muito daquele tom do arco final do primeiro longa, inclusive com o retorno do diretor de fotografia Anthony Dod Mantle, que faz uma ótima dupla com Boyle para criar esse clima de estranheza que tão bem cai nessa história.

A primeira sequência é de tirar o fôlego, e de longe a melhor para mim. A cena com as crianças vendo Teletubbies é realmente assustadora. A cena de Jamie e Spike indo ao continente, com um áudio recitado do poema “Boots”, de Rudyard Kipling, é visualmente perturbadora. Ela reforça muito a tensão psicológica de um apocalipse e a pressão emocional de um mundo praticamente em guerra, jogada nas costas de um garoto de 12 anos que nem entende nada sobre a terra que está pisando.
No segundo ato, o filme se afasta mais e leva a história para uma fase mais melancólica. Algo como o sentido da vida e o que são essas pessoas infectadas. Porém, sinto uma forte quebra de ritmo — e principalmente de tom — em relação ao começo do filme. O ar misterioso que havia sobre esse garoto desvendando um mundo com seu pai se perde demais, e por mais que tenhamos um excelente Ralph Fiennes, existem decisões difíceis de explicar. Toda a história desse personagem não foi bem encaixada para mim, não conseguiu despertar meu interesse toda a questão com os cadáveres.

Já que falamos em Ralph Fiennes, vale destacar Aaron Taylor-Johnson, que faz um personagem instigante e que muito combina com esse mundo apresentado no começo do filme. A presença dele e o impacto de suas decisões estavam sendo importantíssimos para a história, até o filme decidir abandoná-las. Jodie Comer faz Isla, uma mulher com alguma doença, que até então ninguém sabe dizer o que é. E entre episódios de lucidez e esquecimento, parece saber muito mais do que nos era mostrado. Infelizmente, mais um ponto que o filme explora pouco.
A parte final do longa, quase um epílogo da história, é difícil de comentar, de tão absurdo que é. Quando a história se resolve, ou pelo menos se encaminha, uma nova jornada se inicia. Mas nesse momento somos apresentados a personagens coloridos, algo quase em estilo Power Rangers, que me fez pensar se perdi alguma coisa no caminho. Parece outro filme e, sinceramente, espero que as sequências ignorem isso.

Por fim, Extermínio: A Evolução pouco fala sobre essa “evolução” prometida. Muitas pontas e segredos levantados nos primeiros filmes são deixados de lado, em detrimento de uma história que mais tenta reintroduzir o assunto do que continuá-lo. Acho que existe um caminho, e o filme tem momentos que são ótimos. Resta ver o que vem mais por aí.
A contagem regressiva acabou: “Extermínio: A Evolução” chega aos cinemas nesta quinta-feira, 19 de junho. Vai encarar?
Confira o trailer:

Um comentário sobre “Crítica | 28 anos depois… “Extermínio: A Evolução” mostra que o pior ainda está por vir”